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Fôlego
2009
Instalação de Martha Niklaus e Suely Farhi, no Museu de Arte Contemporânea de Niterói, Rio de Janeiro, Brasil
Foto: Paulo Rodrigues



FÔLEGO é um Projeto Especial criado por Martha Niklaus e Suely Farhi, para ocupar a galeria/varanda/mirante do MAC. As artistas, que costumam desenvolver suas obras individualmente, aceitaram o desafio de negociar o processo artístico. A arquitetura de Niemeyer, a paisagem da Baia de Guanabara e o entorno sócio econômico do Museu fizeram parte do diálogo entre elas. Tudo se mesclou resultando em uma montagem que utiliza o espaço da exposição como lugar de convivência, sem compartimentá-lo. FÔLEGO é um convite à participação do visitante.

A instalação Fôlego sugere uma continuação da paisagem para dentro do Museu. Para Martha, as paredes se tornam uma reprodução da carta celeste local, com minúsculas estrelas formadas por milhares de fotos de pessoas, que fazem parte de sua coleção de tipos humanos. Suely sugere uma liquefação do piso ao dispor bóias, de vários materiais, algumas com inscrições derivadas da palavra salva vidas e forma de borbulhas, em fluxo no espaço.

A forma circular do Museu e a sensação de se estar perdido é enfatizada pelas duas ilhas idênticas criadas por Martha, as ilhas Observatório, onde as pessoas têm a sensação de estarem chegando aonde já estiveram antes. Nestas ilhas, lunetas e o livro Histórias Ilustradas de “peixes, iscas e anzóis”, com a coleção de tipos humanos fotografados pela artista, durante cinco anos, servem de instrumento para uma observação visual e crítica dos processos classificatórios. Em uma terceira ilha, a da Captura, o visitante pode deixar-se fotografar e ter sua imagem inserida nesta coleção a ser publicada num segundo volume.

Suely, pensando na arquitetura moderna e no desejo de Niemeyer de transformar o mundo, trabalha a bóia salva vidas. No vídeo Beuys e Bóias, faz também uma associação com o artista militante ecológico Joseph Beuys, que usava o salvamento como formador de sua ação no mundo. E ainda apresenta um vídeo com imagens de uma bóia a deriva e do nadador incansável. A ação da artista estende-se para o entorno do Museu, onde distribuiu camisetas com seu poema SALDA DÍVIDAS, às pessoas que ali trabalham informalmente.

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