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PROJETO AZUL 

2014 - presente

PROJETO AZUL (2014-presente). Martha Niklaus desenvolve o projeto AZUL desde 2014, em viagens pelos rios Arapiuns e Tapajós, no Pará, norte do Brasil. A cor azul foi escolhida porque representa a Terra e, por isso, está relacionada às preocupações da artista com a sustentabilidade do planeta e ao trabalho que vem realizando com comunidades ribeirinhas e urbanas por meio de programas educativos.​

 


Uma das leituras possíveis é que NAU-NOW quer nos trazer consci-ência da nossa transiência, da nossa impermanência no mundo e da voracidade com que destruímos a natureza, o sentido de fluxo, de energia, de desmaterialização. Este trabalho é uma reflexão ecológi-ca e uma reflexão sobre a natureza da arte como elemento estético, político, social, como linguagem em sua capacidade de “dar-nos a ver” – na expressão de Georges Didi-Huberman.

Esse trabalho está inserido no PROJETO AZUL, uma “expedição utó-pica” para a Amazônia de que a artista participou pela primeira vez em 2014 e que organizou em anos subsequentes. Um projeto cole-tivo que inclui pessoas com interesses afins. Alguns trabalhos são feitos com esse coletivo, como o vídeo FLUTUAR. Outros são desen-volvidos com escolas dessa comunidade ou em trocas com alunos de escolas do Rio de Janeiro.

Uma parte desse projeto acontece no contato e nas trocas com a população ribeirinha local. A artista-cronista-viajantelevava uma maleta com objetos de apoio à sua sobrevivência e dispositivos para desencadear ações, todos de cor azul. Ela diz “fui aprender com eles sobre modos de vida e de sobrevivência”, no que seria uma reversão da linearidade da história da cultura, em que se pretende que os civilizados educam os primitivos, e não há uma relação de paridade.

 

Esse gesto é quase dadaísta de tão paradoxal, desconstrutivo por certo, uma vez que é o civilizado quem vai aprender com o nativo. É como a maleta de Duchamp, parte de um projeto utópico e tam-bém crítico, que atua no próprio sistema de arte. O movimento de ir aprender com os nativos novas formas de cultura significa aceitar que nos tornamos os bárbaros da nossa civilização contemporânea.


Paula Terra- Neale
Curadora e Dir; da Terra-Arte Projetos Curatoriais

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